terça-feira, 28 de junho de 2011

Cuidando da Saúde do Ministério de Música

Daniel Souza

Um ministério não é algo pronto. Ele necessita de investimento para que se mantenha saudável para cumprir seu papel.
Segue alguns "vírus" que ameaçam a saúde de qualquer ministério. Que o Senhor nos proteja e nos ensine a combatê-los.
Estrelismo
Uma das atitudes mundanas mais expostas no "meio cristão" musical é o "estrelismo". "Estrela" é aquela pessoa que se considera diferente das demais por se achar mais "brilhante".
O "estrela" pensa ser mais capaz que seus companheiros. Ele se considera insubstituível e pensa que o ministério está falido sem sua importante participação.
O "estrela" tem comportamentos diferentes dos demais. Ele se dá ao direito de não cumprir regras comuns a todos, como horários; nem lhe passa pela cabeça a possibilidade de servir a equipe, carregando ou limpando instrumentos que não são os seus. E ai daquele que ousar repreender o "estrela"! Quem tentar fazê-lo sofrerá o dano de sua ausência.
Temos que combater o espírito do estrelismo. Este espírito é satânico.
Toda virtude que alguém porventura tem deve ser usada para servir. Foi assim com Jesus e deve ser com todos os que se dizem segui-lo (Mt.20.25-28; Jo.13.12-16).
Competição
O reino de Deus é de cooperação e não de competição. Quando existe disputa no meio da equipe a porta para a destruição se abre.
Antes de tudo, cada membro da equipe precisa situar-se. Quem somos nós? Somos filhos de Deus. Quem são os demais membros da equipe? Filhos de Deus e nossos irmãos (Ef.4.6).
Somos uma família. Jesus disse que um reino, cidade ou casa divididos não podem subsistir (Mc.3.24,25).
Assuntos não resolvidos
Creio que todo assunto deve ter seu começo, seu meio e seu fim. Muitos assuntos começam e não acabam. Às vezes temos pequenas "rasuras" com os irmãos e achamos que o tempo vai curar através do esquecimento. No entanto as coisas não funcionam assim.
Os grandes problemas começam pequeninos e insignificantes. Todo assunto começado deve ser finalizado.
Como isso acontece de forma prática?
Creio que a oração não só deve ser usada antes mas também depois. A oração fecha com chave de ouro qualquer assunto ou demanda que possa ocorrer no ministério de música.
A palavra de Deus diz que Jesus está entre dois ou três que se reúnem em seu nome (Mt.18.20). O Senhor é testemunha de tudo, inclusive quando queremos resolver problemas.
Jesus disse que os pacificadores são bem aventurados. Busquemos sempre a paz (Mt.5.9).
Insensibilidade
Quando convivemos com pessoas aprendemos que não podemos fazer ou falar o que queremos. Honrar e respeitar os companheiros é uma virtude encontrada somente em pessoas sensíveis (Rm.12.10).
Quem é sensível aprende a estudar seu próximo, com o intuito de aprender como servi-lo, edificá-lo e amá-lo da melhor forma possível (Rm.14.19).
Jesus era uma pessoa extremamente sensível. A bíblia diz que ele andava por toda parte fazendo o bem (At.10.38). Ninguém pratica o bem constantemente sem que tenha um coração sensível às necessidades do próximo.
Jesus trabalhou para gerar o mesmo sentimento em seus discípulos (Mt.9.35-38). A brutalidade, descaso e grosseria não podem dominar os membros de uma equipe. Estas coisas comprometem a saúde do ministério, minando gradativamente a graça, a beleza e o ânimo.
Cobrança
Todos vivemos debaixo de pressões diversas e quando somos cobrados em nada somos aliviados. Se pensarmos bem, veremos que o reino de Deus não é de cobrança e, sim, de doação (Mt.10.8b).
O que temos dado para que possamos cobrar? E, se temos dado, o fizemos por amor ou visando cobrar posteriormente?
A cobrança representa um peso para quem a recebe e para quem cobra. Quando exigimos algo e não somos correspondidos ficamos desanimados e irritados. Muitos líderes se encontram assim.
Muitas equipes se movem com base em cobranças. É sabido que o incentivo funciona mais que a cobrança. Quem sabe conseguiremos melhores resultados mudando a estratégia? Tente concentrar-se nas virtudes da equipe. Nossa tendência sempre é enfatizar os defeitos, no entanto, nem só de defeitos é formada uma pessoa. Existem qualidades maravilhosas que merecem mais atenção de nossa parte.
O chamado de Gideão se deu através de um elogio. Com esta atitude o Senhor pode transformar um medroso em um valente e vitorioso guerreiro (Jz.6.11,12).

No amor de Jesus, Daniel Souza 

Fonte: www.ameprod.com.br

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Uma Mesa no Deserto - pr. Carlos Moreira


Carlos Moreira

Quem me vê sorrindo, não conhece os meus dramas; quem me vê sonhando, não discerne as minhas limitações; quem me vê chorando, não entende os meus motivos; quem me vê sofrendo, não compreende as minhas razões.

Hoje estou me sentindo como Sansão, vencido pelos dilemas, soterrado por contradições. Estou girando em torno da roda de moinho da existência. Já dei várias voltas ao redor do mundo sem sequer sair do lugar. Sim, eu sei que há dias nublados, cinzentos, há dias de dor e solidão, “tempo de chorar e tempo de sorrir”...

Descobri, já faz algum tempo, que eu sou de osso, não de aço. Não faço parte desta geração que não sente dor, que não sente medo, que não fica doente, que não peca, que não se contradiz. Fui formado em uma “forma” diferente, sou o mais comum dos comuns, ainda permaneço como substância informe, meu interior é coberto de sombras e silêncios, sou ser por fazer-se, incompleto, inconstante, imperfeito.

Estou com fome de vida, preciso de um gole de esperança. Sinto dores por fora, calafrios por dentro. Talvez você não entenda o que é isso, pois provavelmente você foi feito numa outra “linha de produção”. Você é mais maduro, mais moderno. Eu não. Eu sou ser da terra, feito do barro, criado do pó. O Espírito Eterno soprou em minhas narinas e eu ganhei um pequeno fôlego de vida, coisa passageira, tênue. Logo, logo, eu sei, ele se extinguirá.

Já andei pelos lugares altos, e sei também o que é se arrastar com a cara no chão. Aprendi a viver mais com o não do que com o sim. De tanto apanhar da vida, acabei aprendendo a dar significados as minhas derrotas. Eu vivo de restos; aquilo que outros desprezam eu colho como frutos de misericórdia. Tenho semeado com lágrimas, por isso ainda espero um dia colher algo com um pouco de alegria... 

Há momentos em que eu me sinto como alguém que caminha pelo deserto, um beduíno, um andarilho sem destino. Eu não sei qual foi a porta que eu abri mas, quando dei por mim, já estava aqui. Curioso, também, é que eu não sei como sair; as portas daqui só possuem maçanetas pelo lado de fora! Aqui é todo canto e lugar nenhum...

Deus é a minha esperança, e isso é tudo o que a minha alma sabe. Enquanto o pó da existência se acumula nos meus pés cansados de tanto caminho, lembro-me das palavras do “pequeno príncipe” – não o de Exupery – e faço a minha prece: “prepares para mim uma mesa na presença dos meus adversários, uma mesa no deserto, e então derrame óleo sobre a minha cabeça para que o meu cálice transborde”.

Ensina-me, eu te peço, a viver com retidão, a não desprezar a correção, a meditar em tua palavra e a guardar puro o meu coração. Eu sei que se isso eu fizer, certamente “bondade e misericórdia me acompanharão todos os dias da minha vida, e habitarei na casa do Senhor para todo o sempre”.   


Quem puder entender, então que entenda... Quem não puder, apenas leia... Quem não ler, melhor fará...

Fonte: Genizah