terça-feira, 28 de junho de 2011

Cuidando da Saúde do Ministério de Música

Daniel Souza

Um ministério não é algo pronto. Ele necessita de investimento para que se mantenha saudável para cumprir seu papel.
Segue alguns "vírus" que ameaçam a saúde de qualquer ministério. Que o Senhor nos proteja e nos ensine a combatê-los.
Estrelismo
Uma das atitudes mundanas mais expostas no "meio cristão" musical é o "estrelismo". "Estrela" é aquela pessoa que se considera diferente das demais por se achar mais "brilhante".
O "estrela" pensa ser mais capaz que seus companheiros. Ele se considera insubstituível e pensa que o ministério está falido sem sua importante participação.
O "estrela" tem comportamentos diferentes dos demais. Ele se dá ao direito de não cumprir regras comuns a todos, como horários; nem lhe passa pela cabeça a possibilidade de servir a equipe, carregando ou limpando instrumentos que não são os seus. E ai daquele que ousar repreender o "estrela"! Quem tentar fazê-lo sofrerá o dano de sua ausência.
Temos que combater o espírito do estrelismo. Este espírito é satânico.
Toda virtude que alguém porventura tem deve ser usada para servir. Foi assim com Jesus e deve ser com todos os que se dizem segui-lo (Mt.20.25-28; Jo.13.12-16).
Competição
O reino de Deus é de cooperação e não de competição. Quando existe disputa no meio da equipe a porta para a destruição se abre.
Antes de tudo, cada membro da equipe precisa situar-se. Quem somos nós? Somos filhos de Deus. Quem são os demais membros da equipe? Filhos de Deus e nossos irmãos (Ef.4.6).
Somos uma família. Jesus disse que um reino, cidade ou casa divididos não podem subsistir (Mc.3.24,25).
Assuntos não resolvidos
Creio que todo assunto deve ter seu começo, seu meio e seu fim. Muitos assuntos começam e não acabam. Às vezes temos pequenas "rasuras" com os irmãos e achamos que o tempo vai curar através do esquecimento. No entanto as coisas não funcionam assim.
Os grandes problemas começam pequeninos e insignificantes. Todo assunto começado deve ser finalizado.
Como isso acontece de forma prática?
Creio que a oração não só deve ser usada antes mas também depois. A oração fecha com chave de ouro qualquer assunto ou demanda que possa ocorrer no ministério de música.
A palavra de Deus diz que Jesus está entre dois ou três que se reúnem em seu nome (Mt.18.20). O Senhor é testemunha de tudo, inclusive quando queremos resolver problemas.
Jesus disse que os pacificadores são bem aventurados. Busquemos sempre a paz (Mt.5.9).
Insensibilidade
Quando convivemos com pessoas aprendemos que não podemos fazer ou falar o que queremos. Honrar e respeitar os companheiros é uma virtude encontrada somente em pessoas sensíveis (Rm.12.10).
Quem é sensível aprende a estudar seu próximo, com o intuito de aprender como servi-lo, edificá-lo e amá-lo da melhor forma possível (Rm.14.19).
Jesus era uma pessoa extremamente sensível. A bíblia diz que ele andava por toda parte fazendo o bem (At.10.38). Ninguém pratica o bem constantemente sem que tenha um coração sensível às necessidades do próximo.
Jesus trabalhou para gerar o mesmo sentimento em seus discípulos (Mt.9.35-38). A brutalidade, descaso e grosseria não podem dominar os membros de uma equipe. Estas coisas comprometem a saúde do ministério, minando gradativamente a graça, a beleza e o ânimo.
Cobrança
Todos vivemos debaixo de pressões diversas e quando somos cobrados em nada somos aliviados. Se pensarmos bem, veremos que o reino de Deus não é de cobrança e, sim, de doação (Mt.10.8b).
O que temos dado para que possamos cobrar? E, se temos dado, o fizemos por amor ou visando cobrar posteriormente?
A cobrança representa um peso para quem a recebe e para quem cobra. Quando exigimos algo e não somos correspondidos ficamos desanimados e irritados. Muitos líderes se encontram assim.
Muitas equipes se movem com base em cobranças. É sabido que o incentivo funciona mais que a cobrança. Quem sabe conseguiremos melhores resultados mudando a estratégia? Tente concentrar-se nas virtudes da equipe. Nossa tendência sempre é enfatizar os defeitos, no entanto, nem só de defeitos é formada uma pessoa. Existem qualidades maravilhosas que merecem mais atenção de nossa parte.
O chamado de Gideão se deu através de um elogio. Com esta atitude o Senhor pode transformar um medroso em um valente e vitorioso guerreiro (Jz.6.11,12).

No amor de Jesus, Daniel Souza 

Fonte: www.ameprod.com.br

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Uma Mesa no Deserto - pr. Carlos Moreira


Carlos Moreira

Quem me vê sorrindo, não conhece os meus dramas; quem me vê sonhando, não discerne as minhas limitações; quem me vê chorando, não entende os meus motivos; quem me vê sofrendo, não compreende as minhas razões.

Hoje estou me sentindo como Sansão, vencido pelos dilemas, soterrado por contradições. Estou girando em torno da roda de moinho da existência. Já dei várias voltas ao redor do mundo sem sequer sair do lugar. Sim, eu sei que há dias nublados, cinzentos, há dias de dor e solidão, “tempo de chorar e tempo de sorrir”...

Descobri, já faz algum tempo, que eu sou de osso, não de aço. Não faço parte desta geração que não sente dor, que não sente medo, que não fica doente, que não peca, que não se contradiz. Fui formado em uma “forma” diferente, sou o mais comum dos comuns, ainda permaneço como substância informe, meu interior é coberto de sombras e silêncios, sou ser por fazer-se, incompleto, inconstante, imperfeito.

Estou com fome de vida, preciso de um gole de esperança. Sinto dores por fora, calafrios por dentro. Talvez você não entenda o que é isso, pois provavelmente você foi feito numa outra “linha de produção”. Você é mais maduro, mais moderno. Eu não. Eu sou ser da terra, feito do barro, criado do pó. O Espírito Eterno soprou em minhas narinas e eu ganhei um pequeno fôlego de vida, coisa passageira, tênue. Logo, logo, eu sei, ele se extinguirá.

Já andei pelos lugares altos, e sei também o que é se arrastar com a cara no chão. Aprendi a viver mais com o não do que com o sim. De tanto apanhar da vida, acabei aprendendo a dar significados as minhas derrotas. Eu vivo de restos; aquilo que outros desprezam eu colho como frutos de misericórdia. Tenho semeado com lágrimas, por isso ainda espero um dia colher algo com um pouco de alegria... 

Há momentos em que eu me sinto como alguém que caminha pelo deserto, um beduíno, um andarilho sem destino. Eu não sei qual foi a porta que eu abri mas, quando dei por mim, já estava aqui. Curioso, também, é que eu não sei como sair; as portas daqui só possuem maçanetas pelo lado de fora! Aqui é todo canto e lugar nenhum...

Deus é a minha esperança, e isso é tudo o que a minha alma sabe. Enquanto o pó da existência se acumula nos meus pés cansados de tanto caminho, lembro-me das palavras do “pequeno príncipe” – não o de Exupery – e faço a minha prece: “prepares para mim uma mesa na presença dos meus adversários, uma mesa no deserto, e então derrame óleo sobre a minha cabeça para que o meu cálice transborde”.

Ensina-me, eu te peço, a viver com retidão, a não desprezar a correção, a meditar em tua palavra e a guardar puro o meu coração. Eu sei que se isso eu fizer, certamente “bondade e misericórdia me acompanharão todos os dias da minha vida, e habitarei na casa do Senhor para todo o sempre”.   


Quem puder entender, então que entenda... Quem não puder, apenas leia... Quem não ler, melhor fará...

Fonte: Genizah

terça-feira, 31 de maio de 2011

Johnatha Bastos - Abro Mão

Veja como nós reclamamos muito da vida e não damos valor ao que temos...

sexta-feira, 6 de maio de 2011

15 erros que normalmente cometemos na direção do louvor - Para ministros, músicos e líderes de louvor e adoração

Por Daniel Souza

Quem não comete erros? Se a frase "errar é humano" não está correta pelo menos o "erro nos lembra que somos humanos" é inquestionável.
Na ministração do louvor "nossa humanidade" tende a se aflorar e muitas vezes nos leva a cometer "pequenos deslizes".
Creio que todos nós já vivemos momentos de insegurança em plena ministração do louvor em nossas igrejas. Para nos lembrar de "nossa humanidade" e nos ajudar a evitar o que for possível, selecionamos 15 erros que normalmente cometemos na direção do louvor. Que Deus nos ajude a cooperar com Ele através do precioso serviço com a música.
Quem ainda não cometeu pelo menos um dos erros abaixo?
1. Introduzir cânticos antes de conhecê-los bem;
2. Não conhecer as tonalidades dos cânticos;
3. Não conhecer as definições rítmicas dos cânticos;
4. Não dirigir com a autoridade suficiente;
5. Entrar em conflito com a congregação (abuso e/ou excesso de autoridade - não por força...);
6. Não ter uma direção (rumo) definido;
7. Se sobressair, se impor (com a voz, instrumentos, etc);
8. Não saber quando deixar de cantar e louvar - o que vem agora?;
9. Manipular a congregação;
10. Pregar entre os cânticos;
11. Mudar o sentido da ministração bruscamente (acabar antes que o Senhor tenha feito sua obra - ex. "podem sentar-se" - ir de cânticos rápidos a lentos, de lentos a rápidos, etc);
12. Depender da reação do povo para auto-aprovação;
13. Ficar "preso" a uma lista de cânticos;
14. Ignorar a dinâmica e temer o silêncio;
15. Se considerar o "centro das atenções" e esquecer-se de que é um momento de louvor congregacional (coletivo) direcionado a Deus.

No amor de Jesus, Daniel Souza.

Fonte: www.danielsouza.com.br

quinta-feira, 14 de abril de 2011

O anônimo

 Gutierres Siqueira

O anônimo é um personagem interessante da blogosfera cristã. Quem ousa contestar as ideias de algum dos seus ídolos logo receberá uma linda mensagem anônima.

Mas tenho algumas perguntas:

a) Por que todo anônimo escreve em CAIXA ALTA? Ora, caro anônimo, não precisa gritar para fazer apologia dos seus ídolos.
b) Por que todo anônimo assassina o português? Ora, caro anônimo, além de matar a exegese e a hermenêutica não é necessário acabar com a língua pátria.
c) Por que todo anônimo só conhece Mateus 7.1? Ora, caro anônimo, leia o texto com o seu contexto. Jesus condena o julgamento hipócrita, mas julgar (analisar) é um dever (I Jo 4.1).
d) Por que todo anônimo faz ameaças em nome de Deus? Ora, caro anônimo, Deus vai pesar a mão sim, mas sobre os falsos profetas e não sobre aqueles que despertam o seu povo.
e) Por que todo anônimo defende seu ídolo como se fosse Deus? Ora, caro anônimo, você está disposto a realmente apresentar uma apologia com mansidão, mas uma apologia da fé e não de homens?
f) Por que todo anônimo cita o salmo “não toqueis nos meus ungidos”? Ora, caro anônimo, ungido somos todos nós (I Jo 2.20). E tocar, no sentido original, era maltratar fisicamente.

Portanto, caro anônimo, vai ler a Bíblia em lugar de emporcalhar os blogs com comentários nonsense.
Fonte: Genizah

quarta-feira, 16 de março de 2011

Tem anjo aqui?

quarta-feira, 9 de março de 2011

DOG-mas


 

Meu cachorro sumiu.

Meu cachorro tem livre arbítrio. Não posso forçá-lo a ficar em casa. Ele pode voltar um dia, se quiser. #Arminiano
Eu escolhi o cachorro. O cachorro é meu. Irei atrás do cachorro e o trarei de volta a qualquer custo. # Calvinista
O cachorro é totalmente depravado, mas é meu.  Vou mantê-lo na casa e deixá-lo fazer o que quiser. Se mudar ou não, não importa. Eu o escolhi e ele sempre será parte da família. #Calvinista
Antes só do que mal acompanhado! #Desigrejado
Resolvi aceitar as falhas de meu cachorro e adaptar minhas crenças e padrões ao seu comportamento. #Neoliberal
Não vou chamá-lo, nem ir atrás dele. Se Deus quiser que este cachorro volte, ele voltará, independentemente de meus esforços.  #HiperCalvinista
Eu criei o cachorro. Agora, ele pode viver e se alimentar sozinho. Vou sentar e observá-lo. #Deismo
Quando comprei este cachorro jamais imaginei que ele me deixaria um dia! #TeísmoAberto
Se o cachorro não voltar, perecerá. #Arminiano
Se o cachorro não voltar, é porque nunca foi meu. #Calvinista
Se o cachorro realmente foi escolhido por mim, ele reconhecerá a minha voz e voltará. #Calvinista
Se o cachorro provou de minha comida e do aconchego de minha casa, e mesmo assim partiu, nunca mais poderá voltar. #CongregaçãoCristã
Se o cachorro não beber cerveja, o resto é perdoável. #Batista
Impossível. O cachorro tem livre arbítrio para entrar, mas não pode sair. #Batista
Meu cachorro precisa rolar 30 vezes, sentar-se 40 vezes e ficar de pé umas 20 vezes para que eu o aceite em casa novamente. #Católico
Para estar alegre e se sentir confortável, o cachorro precisa estar na sala de estar, rodeado por sofás, almofadas e aperitivos. #IgrejanosLares
Eu amo o meu cachorro e odeio todos os outros. #Calvinista
O cachorro se sentia sozinho. É preciso aproximar-se do cachorro e desenvolver uma relação com ele. #IgrejaOrgânica
Busquemos o cachorro e aproveitemos para alimentar todos os cachorros da rua. #Missional
Deus quer que todos os cachorros se salvem. Mas “todos” os cachorros na verdade quer dizer “somente alguns” cachorros. #Calvinista
Saudades de quando o cachorro levantava as patinhas, se jogava no chão e se fingia de morto… #Pentecostal
Unja a caminha de seu cachorro com esta água do Rio Jordão e ele certamente voltará. #Neopentecostal
Hoje é sábado. O cachorro vai ter que esperar. #Adventista
Quando encontrar este cachorro, vou dar na cara dele! #CaioFábio
Seu cachorro sumiu e você ficou? Ore, irmão! #TimLaHaye
Não se preocupe. A carrocinha não existe. #Emergente
Ele desafiou o conforto da complacência e penetrou as brumas do desconhecido, rumo às veredas desta vida tão deliciosamente ambígua quanto a rosa, com suas belas pétalas e espinhos pontiagudos. #RicardoGondim
Deveríamos decretar uma morátoria de cinco anos para depois decidir se o que o cachorro fez é errado ou não. #BrianMcLaren
A culpa é do Obama. #FreiBetto
Este cachorro é um trouxa! #SilasMalafaia
O cachorro não existe. #Matrix

Fonte: Pão & Vinho

domingo, 6 de março de 2011

Uma Reclamação Que Nunca Ninguém Fez

 Você já ouviu alguém dizer que recebeu Jesus Cristo como seu Salvador e Senhor e que está insatisfeito?

A maioria das pessoas fica aborrecida quando gasta um bom dinheiro para comprar algum produto que depois não funciona conforme anunciado — ou funciona bem por alguns dias e quebra em seguida. Fazemos compras com a expectativa razoável que os produtos funcionarão corretamente e terão uma vida útil coerente com o preço. Mas as coisas que são relativamente baratas e de má qualidade normalmente não nos irritam tanto quando deixam de funcionar, porque compreendemos que elas não são fabricadas para durarem muito.
Sendo assim, duvido muito se há alguém que esteja lendo este artigo que nunca teve de devolver um produto e solicitar a devolução do dinheiro — ou, no mínimo, quis fazer isso. A "Lei de Murphy" diz que se alguma coisa pode dar errado — então dará errado — e, para muitos de nós, parece que Murphy é um parente próximo. Entretanto, embora seja verdade que algumas pessoas consigam destruir uma bigorna cromada usando um martelo de borracha, na maior parte das vezes, o problema está no próprio produto. Felizmente, a maioria das lojas hoje concorda em substituir um item defeituoso ou devolver o dinheiro sem criar muitas dificuldades para o cliente.
Portanto, como é um fato que as garantias dos produtos são necessárias porque as coisas quebram ou deixam de funcionar adequadamente, você não concorda que algo que oferece 100% de satisfação deva receber a atenção das pessoas?
Devido à nossa natureza caída e pecaminosa, os cristãos expressam insatisfação com todos os tipos de coisas, tanto reais quanto imaginárias. Vemos defeitos com aqueles que aderem às posições doutrinárias diferentes, com as afiliações denominacionais, com as situações nas igrejas, com os pastores, e uns com os outros — apenas para mencionar algumas situações! Mas eu nunca soube ou ouvi dizer que alguém tenha expressado desapontamento com Jesus Cristo como seu Senhor e Salvador. Você já? Ah, já conheci algumas pessoas que, em sua ignorância, ficaram aborrecidas porque pensaram que Jesus Cristo iria fazê-las enriquecer e isso não aconteceu! Ou outras que tolamente tentaram acusá-Lo quando um ente querido morreu — porém tanto quanto eu saiba, nunca houve um único indivíduo que tenha verdadeiramente experimentado a graça salvadora de Cristo e depois quis "seu dinheiro de volta".
Jesus Cristo não é um limão. A salvação que Ele comprou é garantida para sempre e a garantia dessa salvação está assinada com Seu próprio sangue. Deus determinou os termos da transação na Bíblia e declarou que eles nunca mudarão. Então, para tornar essa transação a mais estupenda pechincha já anunciada, Deus gratuitamente a oferece a todos que a recebem pela fé!!! Não existem truques nem letras miúdas no contrato com o propósito de enganar os incautos.
Outra coisa interessante sobre a natureza humana é nossa disposição de contar aos outros sobre a pechincha. Bons negócios e/ou satisfação com um produto normalmente nos levam a contar para todos os amigos e conhecidos para que eles também possam aproveitar a oportunidade. Essa é precisamente a força motivadora que está por trás da mensagem do evangelho. O Espírito Santo leva os "clientes satisfeitos" a contar às outras pessoas sobre o que Jesus Cristo fez por eles e eles alegremente passam adiante a recomendação. Não é muito mais provável que procuremos comprar certo produto quando alguém nos dá boas referências sobre como ele funciona bem? Sem dúvida! É por isto que nosso testemunho ativo pelo Senhor é tão importante. Quando permitimos que as outras pessoas saibam sobre Ele e as maravilhosas bênçãos que Ele nos concede — o mais provável é que algumas dessas pessoas ouvirão aquilo que temos a dizer.
Em um sentido, vir a Jesus Cristo pela fé é muito similar a comprar um computador pela primeira vez! Aqueles que já aprenderam a usar o computador eficientemente dizem às outras pessoas sobre aquilo que pode ser realizado com ele, mas há uma relutância inicial para dar o mergulho — especialmente por parte daqueles de nós que são mais velhos. Todos aqueles termos técnicos, como bits, megabytes, gigabytes, discos rígidos, gravadores de CD-ROM, etc. têm pouco ou nenhum significado para os não-iniciados e a maioria fica assustada com essas coisas! Então, somente quando essas pessoas tomam a coragem de molhar os pés na água e der os primeiros passos na parte rasa da piscina, pode o processo de aprender a usar a besta fazer algum avanço. Mas uma vez que esse passo inicial de fé seja dado, pegamos o mouse, digitamos no teclado, cometemos alguns erros, aprendemos o que funciona e o que não fazer na próxima vez! E isto é essencialmente o mesmo o que acontece no relacionamento com Jesus Cristo. Sempre há uma relutância inicial e compreensível para entrar em algo desconhecido — independente de quão maravilhoso os outros digam que é. Informações excessivas de natureza técnica logo de início somente servem para confundir e dificultar o progresso. É por isto que Deus quis que a mensagem do Evangelho fosse tão simples! O que poderia ser mais simples que a mensagem que Jesus Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras; que foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras; que foi visto por Pedro e pelos outros apóstolos e mais um grupo de mais de 500 discípulos naquele tempo?
"Porque primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado, e que ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras. E que foi visto por Cefas, e depois pelos doze. Depois foi visto, uma vez, por mais de quinhentos irmãos, dos quais vive ainda a maior parte, mas alguns já dormem também." [1 Coríntios 15:3-6].
Evangelho significa "boas novas" e essencialmente é isto que ele é! Jesus Cristo morreu no lugar daqueles a quem Ele salva, de modo que não cometa o erro de tentar dar um curso de teologia quando falar aos outros sobre Ele. Há um poder sobrenatural — dunamis, no grego (a palavra-raiz para "dinamite") — nesta mensagem extremamente simples e ela sempre realiza o serviço de acordo com a boa e perfeita vontade de Deus. Tentar explicar os conceitos teológicos da propiciação, da expiação vicária, e da impossibilidade de o Filho de Deus pecar a alguém que está espiritualmente morto é ridículo! Apenas apresente a mensagem do evangelho e saia do caminho. Se o Espírito Santo estiver no processo de atrair aquelas pessoas ao Salvador, a única mensagem que terá algum efeito é a simples, porém sobrenatural mensagem do Evangelho. Conte a elas o que a morte, sepultamento e ressurreição de Cristo fizeram por você e confie que o Senhor suprirá o restante. Esta "fórmula de vendas" utilizando clientes satisfeitos para passar a Palavra adiante provou ser bem-sucedida incontáveis vezes nos últimos dois mil anos. Todos aqueles que procuram aprimorar essa mensagem com planos e programas são totalmente errados!
O relacionamento do homem com Deus foi interrompido e não pode ser consertado pelo próprio homem. Adão pecou intencionalmente; ele não foi enganado e deliberadamente comeu do fruto proibido. (1 Timóteo 2:14) Esse ato de rebelião por parte de Adão condenou toda sua descendência à morte espiritual! Portanto, desde aquele dia, todo indivíduo que nasce neste mundo está "morto em ofensas e pecados" [Efésios 2:1] e isso não pode ser revertido! Jesus Cristo é o único capaz de corrigir o problema, porque somente Ele possui as chaves da morte e do inferno (o hades):
"E o que vivo e fui morto, mas eis aqui estou vivo para todo o sempre. Amém. E tenho as chaves da morte e do inferno." [Apocalipse 1:18].
O fato de Cristo possuir essas chaves representa Sua autoridade sobre nosso destino eterno. E não se engane sobre o seguinte fato: com referência à possibilidade de conserto (salvação), ou é do jeito Dele ou de jeito nenhum!
"Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim." [João 14:6].
Situada em uma linda e arenosa praia, sua habitação espiritual foi transformada em um inútil amontoado de madeira quebrada e vidros estilhaçados pelo poderoso furacão do pecado. Nenhuma firma de construção poderia usar esses materiais danificados para reconstruir sua casa. Se você quiser ter uma nova casa, o Carpinteiro da Galiléia precisará construí-la. Portanto, para fazer uso dos Seus serviços, você precisa ir até Ele com as mãos vazias e pela fé humildemente pedir isto — porque o preço é infinitamente maior do que sua capacidade de pagar! Essa potencial nova "casa" literalmente custou a Ele Sua vida e somente fé em Sua disposição de construir pode torná-la uma realidade. Então, como é sempre o caso nessas transações imobiliárias, um "depósito de penhor" é necessário — mas admiravelmente, esse processo ocorrerá da forma invertida. Se você atender aos requisitos, o Espírito Santo virá para habitar em você como o penhor, enquanto sua casa eterna está sendo construída no céu!
"Em quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa. O qual é o penhor da nossa herança, para redenção da possessão adquirida, para louvor da sua glória." [Efésios 1:13-14; ênfase adicionada].
Parece bom demais para ser verdade? Certamente é, mas neste caso temos a Palavra de Deus para confirmar. Portanto, se você está cansado de lutar contra as tempestades da vida, encolhido dentro de um barraco construído com refugo — invoque o Construtor Celestial e reverentemente peça-Lhe uma de Suas mansões. Não há obrigação da parte Dele de responder, mas se considerar sua atitude e os motivos do seu coração corretos, Ele prometeu atender. Invoque-O hoje mesmo, porque você não pode saber se estará vivo amanhã — e tenha em mente que a morte física sem ELE torna a promessa inválida.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Aumenta o número de "falsas conversões" entre adolescentes cristãos

"Se a sua igreja não consegue sobreviver sem um certo número de membros comprometidos, você acaba não querendo pregar uma mensagem que possa irritar as pessoas. Todo mundo vai concordar se você apenas disser que devemos ser bons e que Deus recompensa os que são bons"


Anne Havard de Atlanta, Geórgia, pode ser uma raridade. Ela é uma adolescente americana que é apaixonado por sua fé cristã
Se você é pai ou mãe de um adolescente cristão, Kenda Creasy Dean faz um alerta: seu filho está seguindo uma forma mutante de cristianismo e você pode ser o responsável. Dean afirma que cada vez mais adolescentes estão adotando o que ela chama de “deísmo moralista-terapêutico”.
Tradução: uma fé enfraquecida que mostra Deus como um “terapeuta divino”, cujo principal objetivo é aumentar a auto-estima das pessoas.
É crescente o número de conversões falsas entre adolescentes cristãos. Dean é pastora, professora do Seminário Teológico de Princeton e autora de Almost Christian, [Quase cristão]. Seu livro argumenta que muitos pais e pastores estão propagando inconscientemente essa forma egoísta de cristianismo. Ela afirma que essa fé “impostora” é uma razão pela qual os adolescentes abandonam as igrejas.
“Se este é o Deus que eles estão vendo na igreja, então estão certos em querer nos abandonar”, diz Dean. “As igrejas não dão motivos suficientes para eles se sentirem motivados.”

Características comuns dos jovens apaixonados pelo que fazem:

Dean tirou suas conclusões no que ela chama de um dos verões mais deprimentes de sua vida. Ela entrevistou adolescentes sobre sua fé depois de ajudar a realizar uma pesquisa para o controverso “Estudo Nacional da Juventude e Religião”. Este estudo, que incluiu entrevistas feitas em profundidade com pelo menos 3.300 adolescentes americanos entre 13 e 17 anos, concluiu que a maioria dos adolescentes que afirmavam ser cristãos eram indiferentes sobre sua fé e não se envolviam com ela.

O estudo incluiu cristãos de todas as classes – desde católicos até evangélicos, de denominações conservadoras e também das mais liberais. Os números finais indicam que embora 3 em cada 4 adolescentes americanos (75%) se declarem cristãos, menos da metade pratica sua fé, apenas metade a considera importante e a maioria não consegue falar de maneira coerente sobre suas crenças.
Muitos adolescentes pensam que Deus quer apenas que eles se sintam bem e que façam o bem – algo que os pesquisadores chamaram de “deísmo moralista-terapêutico”.
Alguns críticos disseram à pastora Kenda Dean que a maioria dos adolescentes não consegue falar coerentemente sobre qualquer assunto profundo, mas ela argumenta que existem estudos em abundância mostrando que isso não é verdade. “Eles têm muito a dizer. Eles podem falar sobre dinheiro, sexo e suas relações familiares com detalhes. A maioria das pessoas que trabalha com adolescentes sabe que eles não são naturalmente desarticulados”, afirma Dean.

Em Almost Christian, Dean fala com os adolescentes que são envolvidos com sua fé. A maioria vem de igrejas mórmons e evangélicas, que tendem a realizar um trabalho melhor no sentido de gerar nos adolescentes uma paixão pela religião. A escritora disse que adolescentes cristãos comprometidos compartilham 4 características, não importando suas origens: eles têm uma experiência pessoal com Deus, um envolvimento profundo com uma comunidade espiritual, um senso de propósito e um senso de esperança quanto ao futuro. “Existem incontáveis estudos que mostram que adolescentes religiosos têm melhores notas na escola, têm relações melhores com os pais e se envolvem menos em comportamentos de alto risco. Eles fazem um monte de coisas pelas quais os pais oram”, escreve ela.

Dean é uma pastora ordenada pela Igreja Metodista Unida e que diz que os pais são a influência mais importante na fé dos filhos. Por isso, coloca sobre os adultos a responsabilidade maior pela apatia religiosa dos adolescentes. Alguns adultos não esperam muito dos pastores e líderes de jovens. Os pais simplesmente esperam que os pastores mantenham os jovens longe das drogas e do sexo antes do casamento. Outros ensinam um “evangelho legal”, no qual a fé consiste simplesmente em fazer o bem e não machucar os outros. Não se ouve sobre o chamado cristão para correr riscos, testemunhar e se sacrificar pelos outros, conclui Dean. “Se os adolescentes carecem dessa articulação da fé, possivelmente é porque a fé que mostramos a eles é muito fraca para merecer mérito durante a conversa”, escreveu Dean, com a autoridade de quem é professora de Juventude e Cultura Eclesiástica no Seminário Teológico de Princeton.
Teen Guide: É crescente o número de conversões falsas entre adolescentes cristãos - Mais adolescentes podem estar se desviando do cristianismo convencional, mas seu desejo de ajudar os outros não diminuiu, afirma Barbara A. Lewis, autora de The Teen Guide to Global Action [Guia dos Adolescentes para Ação Global]. Ela diz que Dean está certa – muitos adolescentes estão adotando uma crença distorcida sobre quem é Deus.
No entanto, houve uma “explosão” no envolvimento dos jovens desde 1995, o que Lewis atribui a mais escolas enfatizando a necessidade de serviço comunitário. Adolescentes menos religiosos não são automaticamente menos compassivos, afirma.

“Vejo um aumento na paixão dos jovens para fazer deste mundo um lugar melhor. Muitos jovens estão buscando a solução dos problemas. Eles não estão esperando pelos adultos”, conclui Lewis.

O que os adolescentes dizem sobre seus colegas.

Elizabeth Corrie encontra alguns desses adolescentes idealistas em todos os verões. Ela adotou o desafio central do livro de Lewis: incutir a paixão religiosa nos adolescentes. Corrie, que já foi professora de religião do ensino médio, hoje dirige um programa chamado YTI – Youth Theological Initiative [Iniciativa Teológica da Juventude] da Universidade de Emory, na Geórgia. O YTI funciona como um curso rápido de treinamento teológico para os adolescentes. Pelo menos 36 estudantes do ensino médio de todo o país reúnem-se para três semanas de formação cristã. Eles adoram a Deus juntos, visitam diferentes comunidades religiosas e participam de projetos comunitários.

Corrie diz que não há escassez de adolescentes que desejam ser inspirados e fazer deste um mundo melhor. Mas o cristianismo que alguns aprenderam não os inspira “a mudar alguma coisa que não está funcionando no mundo”.

“Adolescentes querem ser desafiados; eles querem que suas perguntas difíceis sejam levadas em consideração. Achamos que eles querem bolo, mas eles realmente desejam bife com batatas fritas, e nós continuamos a lhes dar bolo”, acredita Corrie.

Estudante de uma escola em Atlanta, David Wheaton diz que muitos de seus colegas não estão motivados com o cristianismo porque não conseguem ver o retorno disso. ”Se eles não conseguem ver benefícios imediatos, acabam se mantendo longe. Eles não querem fazer sacrifícios”, afirma.

Como pais radicais instigam a paixão religiosa em seus filhos

Não são apenas os pais, as igrejas também compartilham a culpa pela apatia religiosa dos adolescentes, afirma a professora Corrie. Ela diz que os pastores muitas vezes pregam uma mensagem de segurança que pode atrair um número maior de fiéis. O resultado: mais pessoas bocejando nos bancos.
”Se a sua igreja não consegue sobreviver sem um certo número de membros comprometidos, você acaba não querendo pregar uma mensagem que possa irritar as pessoas. Todo mundo vai concordar se você apenas disser que devemos ser bons e que Deus recompensa os que são bons”, conclui Corrie.
Parafraseando a autora de Almost Christian, Corrie enfatiza que o evangelho da gentileza não consegue ensinar os adolescentes a enfrentar uma tragédia. “Não consegue suportar o peso de questões mais profundas: Por que meus pais estão se divorciando? Por que meu melhor amigo cometeu suicídio? Por que, nesta economia, eu não consigo o emprego bom que me foi prometido se fosse um criança estudiosa?” O que um pai pode fazer então? “Seja radical”, responde Dean.

Ela diz que os pais que fazem algum ato radical de fé na frente de seus filhos transmitem mais do que um grande número de sermões e viagens missionárias. Um ato radical de fé poderia envolver algo simples como passar um verão na Bolívia trabalhando em um projeto de renovação agrícola ou recusar uma oferta de emprego mais lucrativa para ficar em uma igreja que está passando por lutas, aponta Dean.

Mas não é suficiente ser radical – os pais devem explicar que “esse é o modo como cristãos vivem”. ”Se você não disser que está fazendo isso por causa de sua fé, seus filhos dirão que os pais são realmente pessoas legais. Não se entende que a fé deveria fazer você viver de forma diferente, a menos que os pais ajudem os filhos a perceber isso”, diz Dean.

“Eles me ligaram quando eu estava sem opções”

Anne Havard, uma adolescente de Atlanta, pode ser considerada radical. Uma jovem cuja fé parece estar incendiada. Ela participou do programa da universidade Emory. Hoje, fica emocionada quando fala sobre a possibilidade de ensinar teologia futuramente e cita estudiosos de peso, como o teólogo Karl Barth.

Ela está tão entusiasmada com sua fé que, após ouvir uma questão, dispara uma resposta de 5 minutos antes de parar e rir: “Desculpe, já falei demais”.

Havard diz que sua fé tem sido alimentada pelo que Dean chama em Almost Christian “uma comunidade de fé relevante”.

Em 2006, o pai de Havard foi vítima de uma forma rara de câncer. Em seguida, perdeu uma das suas melhores amigas – uma jovem na flor da vida - também para o câncer. Foi aí que sua igreja e seu pastor entraram em cena. Segundo ela: ”eles me ligaram quando eu estava sem opções”.

Quando questionada sobre como sua fé se manteve após perder o pai e sua amiga, Havard não ficou procurando palavras como alguns dos adolescentes em Almost Christian.

Ela diz que Deus falou mais quando se sentiu sozinha – como Jesus deve ter se sentido na cruz. “Quando Jesus estava na cruz clamando: ‘Meu Deus, por que me abandonaste”?’ Jesus era parte de Deus”, diz ela. “Então, Deus sabe o que significa duvidar. Está tudo bem passar em uma tempestade, ter dúvidas, porque Deus também estava lá”.


Fonte: CNN via http://blogdopcamaral.blogspot.com/
e via Genizah!

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

João Calvino sobre Cantar Salmos na Igreja

Quanto a orações públicas, existem dois tipos: a que consiste em palavras apenas; a outra inclui música. E isto não é uma invenção recente. Pois desde o início da Igreja que tem sido desta maneira, como podemos aprender nos livros de história. Nem o próprio São Paulo fala de oração por palavras apenas, mas também de cantá-las. E, na verdade, sabemos por experiência que a música tem um grande poder e força para mover e inflamar os corações dos homens para invocar e louvar a Deus com um coração mais veemente e ardente. Devemos sempre atentar com receio de a canção ser leve e frívola, mas ela deve ter sim peso e majestade, como diz Santo Agostinho. E assim, há uma grande diferença entre a música que é feita para entreter as pessoas em casa e na mesa, e os Salmos, que são cantados na igreja, na presença de Deus e Seus anjos. Portanto, se alguém desejar rectamente julgar o tipo de música aqui apresentado, esperamos que ele irá encontrá-la ser santa e pura, vendo que ela é simplesmente feita para a edificação de que temos falado, e para qualquer utilidade mais que se possa colocar. Porque mesmo em nossos lares e fora de portas que seja um incentivo para nós e um meio de louvar a Deus e levantando os nossos corações a Ele, de modo que possamos ser consolados através do meditar sobre Sua virtude, Sua graça, Sua sabedoria, e Sua justiça. Porque isto é mais necessário do que alguém poderá dizer.


Dentre todas as outras coisas que são adequadas para a recriação do homem e para lhe dar prazer, a música, se não a primeira, está entre as mais importantes, e temos de considera-la um dom de Deus feito expressamente para esse efeito. E por esta razão, temos de ter tanto mais cuidado para não abusar dela, por medo de adulterarem ou de contamina-la, convertendo para nossa perdição o que se pretende para o nosso lucro e salvação. Se ainda por esta razão apenas, nós pudéssemos ser justamente movidos a restringir o uso da música, para fazê-la servir somente o que é respeitável e nunca usá-la para desenfreados desvarios ou para nos inundar com incontrolado prazer. Nem deveria levar-nos à lascívia ou poucas vergonhas.
Mas mais do que isto, não existe quase nada no mundo que tenha maior poder de dobrar a moral dos homens desta forma, ou que, como Platão sabiamente observou. E, de facto, encontramos a partir da experiência que tem um insidioso e quase incrível poder de mover-nos para onde quer. E por esta razão temos de ser os mais diligentes para controlar a música de tal modo, que irá servir-nos para o bem e de forma alguma nos prejudicar. Esta é a razão pela qual os antigos doutores da igreja se queixavam de que o povo de seu tempo era viciado em músicas ilícitas e desavergonhadas, ao que eles tinham razão para chamar o mortal veneno de Satanás, corruptor do mundo.
Agora, no tocante à música eu reconheço duas partes, a saber, a palavra, que é o assunto e texto, e a canção ou melodia. É verdade, como diz São Paulo, que todas as palavras torpes vão corromper e perverter a boa moral. Mas quando melodia vai com elas, elas irão atravessar o coração muito mais poderosamente e penetrar adentro. Assim como o vinho é afunilado para dentro de um barril, assim é o veneno e a corrupção destilada para a própria profundeza do coração pela melodia.
Então o que deveremos fazer? Deveríamos ter músicas que não são apenas certinhas, mas santas, que irão impulsionar-nos a orar e louvar a Deus, para meditar sobre Suas obras, de modo a amá-lo, a temer a Deus, para honrá-lo, e glorificá-lo. Porque o que Santo Agostinho disse é verdade, que ninguém pode cantar nada digno a Deus excepto o que tem recebido de Deus. Portanto, onde quer que olhemos procurando ao longe e ao largo, não vamos encontrar nenhumas músicas melhores, nem mais adequadas para esse efeito do que os Salmos de David, que o Espírito Santo fez e transmitiu a ele. Assim, cantando-os, poderemos ter a certeza de que nossas palavras vêm de Deus como se Ele viesse a cantar em nós para a Sua própria exaltação. Portanto, Crisóstomo exorta tanto os homens, como as mulheres e crianças para se habituarem a cantá-los, para desta maneira por este acto de meditação nos tornarmos como um com o coro de anjos.
Então, também temos de ter em mente o que diz São Paulo, que as canções devocionais só podem ser cantadas bem apenas pelo coração. Agora o coração implica inteligência, que, diz Santo Agostinho, que é a diferença entre o canto dos homens e das aves. Porque apesar de um pintarroxo, um rouxinol, ou um papagaio cantarem tão bem, será sem entendimento. Agora é dom do homem de ser capaz de cantar e de saber o que é que está cantando. Depois da inteligência, o coração e as emoções devem seguir-lhe, e isso só pode acontecer se nós tivermos o hino gravado na nossa memória para que ele nunca cesse.
E, por conseguinte, o presente livro não precisa de muita recomendação de mim, vendo que em si possui o seu próprio valor e canta seu próprio elogio ou louvor. Apenas deixe o mundo ter o bom senso de deixar de cantar aquelas músicas, em parte, vãs e fúteis, em parte, estúpidas e aborrecidas, em parte sujas e vis e em consequência más e destrutivas - e que exerceu o seu direito até agora, e usar estes divinos e celestiais Cânticos com bom rei David. Quanto à melodia, parecia melhor moderá-la da maneira que temos feito, de modo a dar-lhe a gravidade e a majestade que convém ao seu tema, e que pode mesmo ser adequado para cantar na igreja, de acordo com aquilo que foi dito.
(Do Prefácio de Calvino para o Saltério de Genebra de 1543)
João Calvino comentando I Coríntios 14:15: "Quando ele diz, cantarei salmos, ou, cantarei, ele faz uso de uma instância específica, ao invés de uma declaração geral. Pois, como os louvores de Deus eram o assunto dos Salmos, ele quer dizer pelo canto dos Salmos - bendizer a Deus, ou render graças a Ele, porque em nossas súplicas, ou pedimos uma coisa a Deus, ou reconhecemos algumas bênçãos atribuídas a nós. A partir desta passagem, ao mesmo tempo deduzimos, que o costume de cantar já estava nessa altura em uso entre os crentes, como parece também por Plínio, que escrevendo cerca de quarenta anos depois da morte de Paulo, menciona que os cristãos estavam habituados a cantar Salmos a Cristo antes do amanhecer. E eu de facto também não tenho quaisquer dúvidas que desde o início eles adoptaram o costume da Igreja Judaica de cantar Salmos."